
M.C. Escher (ilustração)
Deito-me em minha cama que não é minha
não vejo o teto do quarto que não é meu
vejo apenas uma nevoa, escura, fria, diante de meus olhos
Tento não endurecer, mas endurecer é preciso
sem endurecer continuar não é possivel,
fecho meus olhos e tudo parece distante
O sonho de antes, o futuro de agora
não previ algo que aconteceu,
mas que não quero deixar pra tras
Em meus amigos a anestesia
e a visão de alguem que era feliz, infeliz
estou agora, vivendo uma vida que não é minha
Tomando um caminho que não é meu
pretendo chegar em alguem que não sei ser eu
alguem que não sei se quero ser
Ignoro tudo e continuo a caminhar
maltratando os pes que não são meus, meus
pés que não descansam a muito tempo
tempo que ainda irá maltrata-los,
até que o dia seja chegado
terei alguem pra comemorar?